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SOBRE O LIVRO

 
História natural da febre é o quarto livro de poemas de Matheus Guménin Barreto.

 

No texto de orelha, o poeta Pedro Eiras diz:

“O que esperar de um livro que se apresenta sob o signo da febre? Decerto a medida de um excesso, uma sobra, a demasia do corpo transbordante, a arder por dentro. Certa desmesura das coisas nas próprias coisas, um desajuste todo íntimo – condição, porém, para a transformação em algo mais, em algo outro.

Assim são estes poemas de Matheus Guménin Barreto: um acerto depurado entre medida e desmedida, "eloquência e fúria", "rigor e vertigem". Por um lado, dizem-se as coisas, as próprias coisas: corpos, frutos, cidades, a mão, o esperma, os livros. Por outro, aquela precisa e irreversível avaliação em que as cidades se perdem, os frutos apodrecem, o corpo colapsa. Por isso é pouco o "sol que nos cabe", ninguém sabe "quantos azuis cabem na mão d-/ e um cristo", e, infinitamente, os espelhos "refletem/ espelhos que refletem espelhos que"…

Quando as coisas se desfazem na febre, nesse estado de excepção que as ameaça e simultaneamente as constitui, não é certo que a linguagem continue a poder dizê-las. Ao amado, "uma mão esquerda o empalha/ em linguagem", ainda. Mas a obra, por seu turno, é "só prometida". Talvez as palavras não cheguem.

Ou então, pelo contrário, talvez o ofício de quem escreve seja acrescentar ainda mais febre às coisas febris, para que se tornem dizíveis: "Despertar sob a palma o objeto:/ incendiá-lo." E assim, em plena labareda, designar o mundo pelos seus limites luminosos."

SOBRE O AUTOR
 
Matheus Guménin Barreto (1992) é poeta e tradutor mato-grossense. É autor dos livros de poemas A máquina de carregar nadas (7Letras, 2017), Poemas em torno do chão & Primeiros poemas (Carlini & Caniato, 2018) e Mesmo que seja noite (Corsário-Satã, 2020). Doutorando da USP, da Universidade de Leipzig e da Universidade de Salzburg na área de Língua e Literatura Alemãs – subárea tradução –, estudou também na Universidade de Heidelberg. Teve poemas seus traduzidos para o inglês, o espanhol, o alemão, o catalão e o italiano; e publicados em revistas ou antologias no Brasil, na Espanha, no México, em Portugal e nos EUA. Integrou o Printemps Littéraire Brésilien 2018 (França e Bélgica – Universidade Sorbonne) e a Giornata mondiale della poesia 2022 (Itália – Universidade de Roma). Publicou em periódicos ou em livros traduções de Bertolt Brecht, Ingeborg Bachmann, Johannes Bobrowski, Nelly Sachs, Paul Celan, Peter Waterhouse, Rainer Maria Rilke e outros. Entre os cursos que ministra esporadicamente está o VERSIFICAÇÃO: montando e desmontando o verso fixo com Drummond, Criolo e Valesca Popozuda
 
SERVIÇO
História natural da febre
Autor: Matheus Guménin Barreto
Número de páginas: 120
Ano: 2022
Formato: 12x18 cm
ISBN: 978-65-997462-3-9